Acessibilidade: o exemplo de The Last of Us Part II

Acessibilidade: o exemplo de The Last of Us Part II

O caso de The Last of Us – Part II

De todo modo, existem games com boas opções de inclusão de pessoas com deficiência. Um desses casos é The Last of Us – Part II, que chegou a receber alguns prêmios por conta das opções de acessibilidade, como o The Games Awards de 2020 na categoria.
O jogo oferece 60 formas diferentes de personalização para facilitar o acesso aos jogadores. Entre elas, temos leitura das partes escritas, dicas de objetivos ou inimigos próximos através da vibração do controle, cores diferenciadas de personagens chave ou adversários e  setas indicando exatamente onde ir.

Em entrevista ao Tecnoblog, Emilia Schatz e Matthew Gallant, os responsáveis pelo desenvolvimento dos recursos de acessibilidade do jogo, contaram que antes de fazer qualquer coisa, é preciso ir até os jogadores com deficiência e perguntar onde eles estão sentindo dificuldades e trabalhar pra resolver esse problema. “Para The Last of Us Part II, no que diz respeito aos recursos que queríamos incluir [de acessibilidade], as sugestões vieram dos fãs. Nós conversamos muito com eles e, eventualmente, decidimos convidá-los para o estúdio para que pudessem compartilhar com o time suas experiências e, assim, nos ajudar no processo de fazer com que nosso game atendesse às suas necessidades”, disse Emilia Schatz.

“Esse processo interativo de envolver jogadores com deficiências e garantir que eles façam parte da nossa programação de testes, nos fornecendo feedback sobre o que estamos criando, é realmente como se desenvolve recursos de acessibilidade num jogo”, disse Matthew, também em entrevista para o Tecnoblog.

Os recursos de acessibilidade de The Last of Us Part II foram feitos com base no trabalho já iniciado em Uncharted 4: A Thief’s End.

Segundo Matthews, é importante começar a implementar recursos de inclusão logo no início do projeto como regra geral no desenvolvimento de softwares e de jogos. Para qualquer desenvolvedor que queira trabalhar com acessibilidade, a dica é fazer isso o quanto antes, planejar com antecedência, colocar logo pessoas para testar o jogo e, então, terá tempo para reagir aos comentários, fazer ajustes e adicionar recursos que sejam bons; talvez até mesmo eliminar recursos que sejam ruins. “Você realmente terá tempo para ter uma noção do que os jogadores precisam e quais barreiras ainda existem no seu jogo e como pode ajudar os jogadores a superá-las”, disse ele.

Jogador cego conclui The Last of Us Part II com Permadeath ativo

Em 2020, o usuário @sightlessKombat relatou que conseguiu concluir o título. “Eu joguei The Last of Us Part II todo e o completei, como um jogador sem visão, sem nenhuma visão.” disse. “Esta é a primeira vez que consigo fazer isso em um videogame e por isso, não há como agradecer a @Naughty_Dog o suficiente. Agora que joguei do início ao fim, me pergunto qual será o próximo jogo que me permitirá fazer isso. Espero que os desenvolvedores e estúdios estejam tomando notas e continuem inovando em acessibilidade, criando experiências que todos possam desfrutar.”

No ano passado, ele compartilhou que conseguiu concluir The Last of Us Part II em Permadeath (Morte Permanente), enaltecendo a acessibilidade do jogo. “Não conheço nenhum outro jogador sem visão que tenha completado o jogo em Permadeath, independentemente da dificuldade. O fato é que isso pode ser feito e, se você está procurando um desafio neste título acessível, não há razão para não tentar.“

Ele atribuiu o sucesso aos vários recursos de acessibilidade, incluindo, mas não se limitando a menus / IU narrados, navegação e assistência de travessia e combate, mira fixa e várias dicas de áudio, que fornecem as mesmas informações que as instruções visuais.

Letícia Höfke
Letícia Höfke

Sou jornalista, escritora e completamente apaixonada por tudo que envolve o universo geek. Twitter e Instagram: @leticiahofke