Quando pensávamos que a vaca do subgênero metroidvania já estava magra, o Berzerk Studio retorna com litros de leite e, muito, muito sangue.
Pra quem cai de paraquedas sem saber do que se trata, é aquilo: um típico jogo de plataforma onde você enfrenta inimigos, explora um mapa por diversas direções, e precisa encontrar algum recurso que te possibilite avançar por áreas anteriormente inacessíveis.

É isso que Infernax faz, mas não do entediante jeito que isso tem sido feito desde a ascensão desses jogos.
Como infernax quebra a monotonia?
Duas mecânicas são alguns dos destaques que não, comumente, vemos em jogos indies de equipes pequenas:
- Um sistema de dia e noite, fazendo com que certas missões só sejam possíveis durante determinados períodos e com criaturas que só dão as caras quando a lua paira no céu.

- Eventos de tomada de decisão que, além de impactar na história e no final do jogo, também altera atributos do personagem em combate.
Sobre o último ponto, o jogador deverá escolher entre duas opções em determinados eventos e ainda pode optar por fazer, ou não, determinadas tarefas que lhe são pedidas. Quanto às escolhas, elas deixam bem claro que o jogador pode optar seguir pelo caminho do “bem” ou então o do “mal”.
Ponderações como roubar, ou não, as esmolas da igreja; quebrar, ou não, a barragem que mantém uma vila à salvo das águas; destruir ou ajudar um sujeito que sofre de uma doença parasita são alguns exemplos.

Quem vos escreve, claro, optou pelo caminho do mal. Com isso, em determinado ponto do jogo, o protagonista assume a persona maligna, altera as cores de seu traje e substitui sua clava e escudo por uma espada de duas mãos: assim, a possibilidade de bloquear ataques é substituída por uma arma de maior alcance.
(até o momento, não iniciei uma segunda jogatina para verificar as alterações ao optar pelo caminho do bem. Assim que o fizer, relato aqui)
Mas não se preocupe, Infernax está longe de ser um simulador de conversinha. NPCs possuem curtos diálogos que apenas contribuem com o pano de fundo de um mundo onde há pessoas que querem se ver livre dos males que as assola, e pessoas que só querem o caos.

Ok, decidi meu caminho. E agora?
A charmosa pixel art em reconhecível paleta de cores, somada à familiares melodias em chiptune, conduzem o jogador por um curto mapa e poucos becos-sem-saída (ufa).
Nada daquele vai-e-vem ou daqueles frustrantes momentos onde você não sabe pra onde ir. Aqui, as missões são bem intuitivas, apenas com uma ou outra tarefa que te obriga a prestar mais atenção nos diálogos à sua volta.
Não há muitos recursos adicionais além de algumas magias e habilidades. Upgrades em Poder, HP e MP são feitos com XP nos santuários que funcionam como checkpoints e, também, através de equipamentos, comprados com moedas nas lojas.
Quanto aos checkpoints, estes são posicionados próximos a locais-chave como, por exemplo, entradas de castelos e masmorras onde o jogador deverá derrotar cinco chefões que guardam o acesso ao chefão final. Ao morrer, o jogador tem duas opções:
- retornar ao checkpoint com todo progresso de xp e moedas no modo casual
- retornar ao checkpoint tendo perdido todo o xp e moedas no modo clássico

Há também uma opção nativa para ativar cheat codes através de um modo de acessibilidade. Não que seja necessário, já que Infernax possui dificuldade moderada: inimigos não exigem muita estratégia, progresso pelos castelos não oferecem tantos obstáculos e chefões possuem baixa variedade de ataques, facilitando a memorização no combate.
Um último recurso para facilitar sua vida no game é o grinding. Aqui, ele não é indispensável quanto em muitos RPGs, mas pode facilitar seu progresso, especialmente durante o começo do jogo, quando seu personagem é mais vulnerável à ataques.
Prós
- Intuitividade no progresso oferece um ótimo fluxo e duração ideal entre clímax e desfecho
- Caixas de colisão bem feitas e hit boxes honestas
- Estética e sons estão no capricho para amantes do retro.
- Sistema de tomada de decisões é bem legal
- Localização em PT/BR
Contras
- Combate pouco dinâmico. Uso de magias ou habilidades são mal estimulados.
- Curva de aprendizagem poderia ser melhor trabalhada. Alguns chefões não são tão difíceis quanto acessar o local onde se encontram.
Conclusão
Infernax traz a dosagem correta dos principais ingredientes necessários à um bom metroidvania, mas desperdiça seu potencial nos confrontos. Animações brutais, cutscenes caprichadas e design grotesco dos chefões compensam o pobre level design.
A narrativa que contempla a dicotomia entre o bem e o mal pode parecer batida, mas a atmosfera montada consegue prender o jogador, além de estimular o fator replay com a proposta de seguir o caminho oposto ao rejogar.
Diria que sim, vale muito a pena jogar pela diversão que o jogo consegue proporcionar em algumas horas. Mas rejogar, eu faria só pela curiosidade.
O jogo chega aqui pela já consagrada Arcade Crew, que também alavancou um dos principais títulos de orgulho ao desenvolvimento de jogos brasileiros: Blazing Chrome, da Joymasher.
Infernax está disponível a partir desta segunda (14) para PlayStation 4, Xbox Series X, Xbox One, Nintendo Switch e Microsoft Windows, via Steam.
O Clube do Video Game agradece a agência Massamune que, gentilmente, nos cedeu o código de Infernax para review.