Batemos um papo com Marcos Castro sobre A Lenda do Herói 2

Batemos um papo com Marcos Castro sobre A Lenda do Herói 2

Anúncio de A Lenda do Herói 2

Na terça-feira passada (9), o estúdio brasileiro Dumativa revelou que A Lenda do Herói 2 está em desenvolvimento. O jogo é sequência do aclamado projeto idealizado pelos Castro Brothers e lançado em 2016.

Chamado de A Lenda do Herói 2: A Marcha de Malaquias, o projeto terá um novo protagonista, que será interpretado pelo youtuber e cantor Lucas Inutilismo.

Financiamento coletivo

Entretanto, para que o jogo seja realizado, ele precisa bater a meta de financiamento coletivo na Nuuvem.  Em troca das doações, a desenvolvedora presenteia os apoiadores com diversos itens (físicos e digitais), com várias faixas de preço para que todos consigam colaborar e tornar esse game realidade. Você poderá ser presenteado com camisetas, moletons, peças colecionáveis, livros, chaves de outros jogos, participar do desenvolvimento ou até mesmo, virar um NPC ou Chefe Secreto dentro do jogo.

Até o momento dessa reportagem, os desenvolvedores já arrecadaram 65% do valor e faltam 50 dias para a campanha acabar.

Entrevista com Marcos Castro

O Clube do Videogame bateu um papo super legal com o comediante Marcos Castro, um dos idealizadores do projeto. Confira:

Clube do Videogame: Como vocês decidiram dar uma sequência para “A Lenda do Herói”? Era algo que já estava planejado antes ou a ideia surgiu recentemente? Conta um pouco mais para a gente desse processo. 

Marcos Castro: Desde 2013, nós temos escrito o argumento para fazer uma trilogia. Inclusive, tem vídeos no nosso canal no YouTube dessa época que trazem alguns spoilers sobre o universo do jogo. Sempre foi o nosso desejo. Agora, quase seis anos após o lançamento do primeiro Lenda, finalmente, estamos conseguindo dar esse passo com o segundo. Foram 2 anos de desenvolvimento antes do lançamento e mais 4 criando conteúdo pós-lançamento. Aumentamos a história e criamos duas expansões (uma de metal e outra de pagode). Aprendemos muita coisa nesse tempo e agora, com o primeiro finalizado, sentimos que é a hora de ir para o segundo.

Clube do Videogame: Por que criar um novo herói e uma nova história? O antigo herói vai aparecer de alguma forma nesse novo jogo?

Marcos Castro: A história do primeiro A Lenda do Herói foi muito focada nos clichês dos games. Tudo começou como um vídeo, em 2012. Inicialmente, era pra ser apenas uma brincadeira, quase como uma metalinguagem, mas daí, vimos que havia potencial para trazer uma história maior por trás, inclusive justificando o porquê dos clichês – que foi o que fizemos no primeiro jogo. Agora, queremos focar um pouco mais no desenvolvimento desse universo e expandir a mecânica musical. Sentimos que brincar com os clichês novamente seria repetir a estratégia e chover no molhado. É claro que manteremos a veia humorística, mas dessa vez, de uma forma diferente. Se o Herói vai aparecer ou não, não podemos dizer ainda, mas eu posso afirmar que as histórias dos dois jogos estão conectadas.

Clube do Videogame: Como surgiu a ideia de chamar Lucas Inutilismo para dar voz ao protagonista?

Marcos Castro: Nós somos muito fãs do trabalho do Lucas, tanto no humor quanto na música. Quando optamos por contar a história de um novo herói, naturalmente, já sabíamos que seria necessário chamar outra pessoa para cantar. Só que essa pessoa precisaria, além da musicalidade, transmitir comicidade na voz – e a gente acredita que o Lucas se encaixa perfeitamente nesse perfil. Além da competência na parte técnica, ele é extremamente carismático e conversa com um público que a gente também quer ter a chance de apresentar o universo do jogo, ou seja, tudo indicava pra gente convidá-lo. E que bom que ele aceitou o convite. Estamos muito felizes.

Clube do Videogame: Vimos que vocês também vão trabalhar com outras figuras conhecidas do cenário musical brasileiro, como Lucas,da Fresno, e Rafael Bitencourt, da banda Angra. Como foi chamá-los para participar do projeto? De que forma eles serão trazidos para o jogo?

Marcos Castro: Antes de tudo, preciso dizer que é um orgulho imenso para nós, tê-los conosco no jogo. Somos muito fãs e a ficha ainda não caiu, para falar a verdade. A gente ainda não pode revelar como será a participação deles, mas serão presenças muito marcantes. A ideia é aproveitar todo o talento musical deles e aplicá-lo ao universo do jogo. Mas é preciso lembrar que, para que a presença deles seja garantida no jogo, precisamos chegar nas metas estendidas da campanha de financiamento coletivo!

Clube do Videogame: Quais melhorias podemos esperar de “A Lenda do Herói 2” em relação ao “A Lenda do Herói 1”?

Marcos Castro: Hoje, a Dumativa está maior e mais experiente. Tem muita gente que participou do desenvolvimento do primeiro jogo, mas também tem muita gente nova que vai oxigenar o processo de criação. Quanto à arte, queremos levar a qualidade do pixel art para outro nível. Em relação à música, vamos expandir a mecânica musical, trazendo mais camadas de música, com mais instrumentos e vozes, além de fazer o mundo e inimigos reagirem ao compasso de cada canção. Quanto ao gameplay, traremos novas mecânicas que não tinham no primeiro jogo, como o uso de arco e flecha, corrida e wall jump, por exemplo. Também faremos uso de cenários em 3D e movimentação de câmera para enriquecer ainda mais o level design.

Clube do Videogame: Em relação às inovações trazidas no primeiro Lenda do Herói, qual você diria que é o grande diferencial desse game?

Marcos Castro: Certamente, a maior inovação é na parte musical, que carinhosamente chamamos de Mecânica Musical 2.0. No primeiro jogo, o herói canta o que o jogador faz, acompanhando uma música com um arranjo pré-definido. Agora, com essa nova mecânica, o arranjo da música pode mudar, com a entrada e saída de instrumentos ao longo de cada canção, dependendo do status e ações do jogador. Além disso, com a possibilidade de outros personagens cantarem e reagirem dentro do compasso da música, ganhamos uma nova camada de level design. Em determinados momentos, o jogo poderá se tornar uma experiência rítmica. Em outros, os instrumentos e as vozes poderão dar dicas do caminho a se seguir. As possibilidades são gigantescas e o céu é o limite.

 Clube do Videogame: Como você diria que a série “A Lenda do Herói” contribui para o desenvolvimento do cenário de games nacional?

Marcos Castro: Até hoje, recebemos muitos relatos de pessoas que tinham o sonho de desenvolver games e que, ao ver o que conseguimos, se motivaram e decidiram seguir esse caminho também. Tentamos, dentro das nossas possibilidades, mostrar que o Brasil tem um potencial artístico e técnico incrível. Tenho muito orgulho de trabalhar com tanta gente talentosa na Dumativa. Acreditamos também que a forma como lidamos com o desenvolvimento do Lenda como franquia (através do foco em desenvolvimento de comunidade, criação de conteúdo extra-jogo, parceria com outros criadores de conteúdo pra promovê-lo, além do aporte via financiamento coletivo) é um caminho possível não só para nós, mas para outros estúdios que buscam um lugar ao sol. Felizmente, estamos trilhando passos bem-sucedidos até agora, e espero que outros tantos estúdios possam trilhar os seus caminhos também. Eu acredito demais na indústria brasileira de games.

Letícia Höfke
Letícia Höfke

Sou jornalista, escritora e completamente apaixonada por tudo que envolve o universo geek. Twitter e Instagram: @leticiahofke