Entrevista | Bág, o criador dos Bágmon

Entrevista | Bág, o criador dos Bágmon

Artista brasileiro fez 151 Pokémon baseados no nosso Brasil

Na última semana, o artista brasileiro Bág parou a comunidade gamer ao postar, em seu Twitter, ilustrações de 151 Bágmon, Pokémon inspirados na fauna, flora e cultura brasileira. Há referências ao Saci Pererê, ao Caipora, ao Boi Tatá e até mesmo, criaturas inspiradas em pão de queijo, feijão no pote de sorvete, tazo colecionável, vira-lata caramelo, benjamin (tomada T), Canário Pistola, a nave da Xuxa, enfim, tudo que o Brasil gosta, né?

Entrevista | Bág, o criador dos Bágmon

Confira os Bágmon na thread abaixo:

Como tudo começou

Em entrevista ao Clube do Videogame, Bág afirmou que tudo começou quando o canto do Bem-te-vi virou meme nas redes sociais por ele ser como um Pokémon e repetir seu próprio nome.

“Em 2021, o meme do bem-te-vi estourou e pensei ´por que não o fazer como um Pokémon? Já que ele, igual os monstrinhos do desenhos, falam o próprio nome.´. E assim fiz 3 “Pokémon” baseados no Bem-te-vi e postei no TikTok. Em dias o vídeo bateu a marca de 1 milhão de views, e desde então não parei mais de desenhar os Bágmon, nome que dou à minhas criações”, disse ele.

Veja o início do meme:

Abaixo, você pode dar uma olhada no vídeo postado por Bág no Tiktok:

@bagilustrador E se o bem-te-vi fosse um Pokémon? ? Me conte sua evolução preferida! #artistsoftiktok #art #desenho #bemtevi ♬ Come On Sexy Girl(Ya Ya Ya) – 初梦

Processo de pesquisa

Bág conta que, desde o primeiro dia até o post completo no Twitter, foram 8 meses de pesquisa.

“No começo era algo despretensioso, mas logo percebi o potencial de divulgação científica e cultural do projeto. Notei que eu podia mostrar coisas do nosso Brasil e conscientizar sobre extinção de animais e diversidade cultural através dos meus desenhos. Eu recebia várias sugestões (até mesmo de professores, biólogos, cientistas, entusiastas e estudiosos da área de fauna e flora etc.) e ia atrás de embasamento teórico para as referências que eu usava para fazer os monstrinhos”, afirmou ele.

 

Qual Bágmon foi mais desafiante?

Bág afirma que o Arauforte, baseado na Araucária, foi um de seus maiores desafios. O Ziriguidum, baseado no Carnaval, também foi difícil. Entretanto, teve alguns que roubaram seu coração, como o Caralata, baseada no Cachorro-caramelho e o Massinas, baseados no Mamonas Assassinas.

“Acredito que o Arauforte, baseado na Araucária, foi um bom desafio, fiz bastante esboços até chegar em um resultado bacana, pois é um Bágmon literalmente enorme. O Ziriguidum, baseado no nosso Carnaval, também foi um desafio: ele é muito colorido e cheio de detalhes. Os que eu mais gostei é uma pergunta difícil, pois tenho um carinho especial com todos…, mas alguns roubam mais meu coração, como o Caralata, baseado no Cachorro-caramelo e o Massinas, baseado no Mamonas Assassinas (que inclusive está oficialmente hoje no Wikipédia dos Mamonas na aba de homenagens)”, disse Bág.

 

A aventura dos Bágmon continua…

O ilustrador afirmou que esse é só começo da jornada dos Bágmon. Na verdade, ele não fez nem 10% do que gostaria de fazer com seus monstrinhos ainda.

“Nosso Brasil é imenso, muito rico biológica e culturalmente. Eu não fiz nem 10% do que eu gostaria de fazer de Bágmon ainda. A segunda temporada com mais 200 monstrinhos já está confirmada, mas antes de começá-la eu e mais dois amigos, que compõem nossa equipe, iremos focar no desenvolvimento de um aplicativo, jogo de cartas e se tudo der certo, um jogo mais elaborado num futuro próximo”, disse ele.

 

Repercussão dos Bágmon

Como eu disse anteriormente, Bág parou a comunidade gamer com seu post sobre os Bágmon e gerou uma grande repercussão. E isso vem crescendo cada vez mais!

“Eu jamais imaginei que teria a repercussão e a aceitação que está tendo. Ver várias pessoas compartilharem, me mandarem mensagens de parabenização, agradecimento e mais sugestões é surreal! Criamos uma comunidade incrível durante esses 8 meses e isso está crescendo cada vez mais. Fora as notícias em portais, reacts no Youtube e Twitch e reposts nos mais diversos cantos da internet”, afirma o ilustrador.

 

Direitos autorais da Nintendo

Algo que preocupa muito os fãs que criam artes baseadas em alguma propriedade intelectual da Nintendo é que a empresa é bastante intolerante com isso e já derrubou centenas de projetos. Por causa disso, Bág toma cuidado para não usar nada que o ligue à franquia oficial.

“A Nintendo é conhecida por ser muito intolerante em relação à suas propriedades intelectuais, já derrubou centenas de projetos feitos por fãs, porém o que eles tinham em comum é que usavam algo oficial deles para se promover, seja o nome “Pokémon”, a base idêntica de algum jogo, algum personagem ou nome. Com a Bágdex estamos fazendo diferente, não existe nada que nos ligue com a franquia oficial, justamente para termos a segurança de que não teremos problemas judiciais, apesar da óbvia comparação. No começo, quando o projeto não tinha pretensão nenhuma, eu até usava o “Pokémon” nas postagens, mas rapidamente fui alterando e hoje temos algo 100% nosso”, disse o artista.

Outros projetos

No momento, Bág não está trabalhando em nenhum outro projeto além de séries despretensiosas para manter o movimento no TikTok.

“Um projeto desse tamanho já toma todo o meu tempo livre, ainda mais que eu só consigo fazer coisas da Bágdex depois do expediente (trabalho atualmente full time como ilustrador de jogos na Luby Software)”.

E aí? Gostaram? Eu amei os Bágmon e já estou ansiosa para acompanhar mais desse projeto.

Clique aqui para acompanhar mais notícias no Clube do Videogame.

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Letícia Höfke
Letícia Höfke

Sou jornalista, escritora e completamente apaixonada por tudo que envolve o universo geek. Twitter e Instagram: @leticiahofke