Hogwarts Legacy já é um dos jogos mais aguardados de 2023. A data de lançamento do game está chegando e a grande maioria dos potterheades está ansioso. Entretanto, as polêmicas recentes envolvendo J.K. Rowling, autora dos livros de Harry Potter, deixou muita gente preocupada em relação às ações que ela pode receber com a venda do título.
A popularidade de JK Rowling vem caindo por conta de comentários considerados transfóbicos
A popularidade de JK Rowling vem caindo drasticamente nos últimos anos por causa de seu envolvimento em polêmicas, principalmente por conta de comentários considerados transfóbicos feitos pela autora nas redes sociais. Dessa forma, seu público decidiu que não deveria mais ajudá-la a tirar proveito da franquia, não consumindo mais nada que tivesse a ver com Harry Potter, incluindo Hogwarts Legacy. Segundo os internautas, comprar o jogo – ou qualquer produto da saga – equivaleria a financiar as palavras de J.K. Rowling, dando-lhe credibilidade.
Participação de JK Rowling em Hogwarts Legacy
Acho que uma curiosidade que muita gente tem é se a autora de Harry Potter, JK Rowling, está envolvida na produção do game. A Avalanche teve que vir a público esclarecer que não, a autora não está diretamente envolvida com o RPG. Na verdade, segundo a empresa, a equipe de produção está tentando deixar o game o mais inclusivo possível, com a possibilidade e criação de personagens trans.
Os jogadores poderão criar seu personagem e escolher uma voz masculina ou feminina, sem depender do tipo de corpo escolhido. Após a criação do personagem, o jogador escolherá entre ser chamado de “bruxo” ou “bruxa”, o que similarmente define o seu dormitório em Hogwarts.
J.K. Rowling responde aos internautas que estão fazendo o possível para promover o boicote
Mesmo com a explicação da Avalanche Software, muitos internautas continuam promovendo o boicote ao título, tentando convencer os jogadores de não comprar o jogo ou a pedir reembolso.
Jessie Earl, uma filmmaker transgênero, postou um tweet em que diz “Eu não culparia ninguém por gostar de obras passadas ou objetos que já possuem e que os confortam. Eu mesmo possuo os primeiros 9 filmes e os 7 livros. Mas qualquer apoio a algo como Hogwarts Legacy é prejudicial”.
Jk Rowling respondeu o tweet da criadora de conteúdo: “Profundamente desapontada por @jessiegender não perceber que o pensamento puro é incompatível com a posse de QUALQUER COISA relacionada a mim, de qualquer forma. Os verdadeiramente virtuosos não queimariam não apenas seus livros e filmes, mas também a biblioteca local, qualquer coisa relacionada a corujas e seus próprios cães de estimação. #DoBetter” (que significa “faça melhor” ou “seja melhor”, ou mesmo “melhore”).
And as for this, I'm appalled. This individual actually advocates reading the books because “nobody needs to know”. All fine and dandy until you get drunk and accidentally quote one, sonny. “I never did it in public” won't save you when the police see your Hufflepuff socks. 2/2 pic.twitter.com/QTQOTfpjtA
— J.K. Rowling (@jk_rowling) December 17, 2022
“E quanto a isso, estou chocada. Esse indivíduo está realmente defendendo a leitura dos livros porque ‘ninguém vai saber'. Tudo bem até você ficar bêbado e acidentalmente citar isso. “Eu nunca fiz isso em público” não vai te salvar quando a polícia vir suas meias da Lufa-Lufa”, diz o tweet.
JK Rowling basicamente, está dizendo que fica surpresa ao ver que aqueles interessados em boicotar suas obras acham normal ler os livros por serem objetos do passado que apreciaram, mas que não é adequado comprar um jogo do qual ela não participou da produção.
Depois, Jessie explicou que ela não estava pedindo um boicote para que JK Rowling não recebesse dinheiro com as vendas de Hogwarts Legacy, somente para que a popularidade caísse e que ela não pudesse mais expor suas opiniões no Twitter.
Como começaram as polêmicas envolvendo JK Rowling
Tudo começou quando JK Rowling comentou uma matéria que tinha no seu título a expressão “pessoas que menstruam”. A autora criticou o uso desse tipo de termo, pois, segundo ela, “mulheres” daria conta de explicar a quem o texto estava se referindo.
O comentário foi considerado transfóbico, e a autora começou a justificar sua posição, afirmando que não se pode negar o sexo biológica, porque ele seria determinante para sua experiência.
The idea that women like me, who’ve been empathetic to trans people for decades, feeling kinship because they’re vulnerable in the same way as women – ie, to male violence – ‘hate’ trans people because they think sex is real and has lived consequences – is a nonsense.
— J.K. Rowling (@jk_rowling) June 6, 2020
“Se sexo não é real, não existe atração entre pessoas do mesmo sexo. Se sexo não é real, a realidade vivida por mulheres ao redor do mundo é apagada. Conheço e amo pessoas trans, mas apagar o conceito de sexo remove a habilidade de muitos discutirem suas vidas de forma significativa. Não é ódio dizer a verdade”, disse. “A ideia de que mulheres como eu, que têm empatia por pessoas trans há décadas e sentem afinidade por elas, porque são vulneráveis do mesmo modo como as mulheres – isto é, à violência masculina – ‘odeiam' pessoas trans porque pensam que sexo é real e vivem as consequências disso é um absurdo. Respeito o direito de todas as pessoas trans de viverem da maneira que lhes pareça autêntica e mais confortável. Protestaria com vocês se vocês fossem discriminados por serem trans. Ao mesmo tempo, minha vida foi moldada pelo fato de eu ser mulher. Não acredito que seja odioso dizer isso.”
A partir daí, a autora, usuária ativa do Twitter, vem fazendo inúmeros comentários na rede social, que são considerados transfóbicos pela comunidade LGBTQIA+.
Daniel Radcliffe já comentou o caso
Até mesmo Daniel Radcliffe, ator que interpretou Harry Potter nos filmes, já comentou o caso e escreveu um texto em defesa de pessoas trans.
“Mulheres trans são mulheres. Qualquer afirmação que diga o contrário apaga a identidade e a dignidade da população trans e vai contra todos os conselhos dados por associações de profissionais de saúde, que sabem muito mais sobre o assunto do que eu ou a Jo. De acordo com o Trevor Project, 78% da juventude trans e não-binária é vítima de discriminação por sua identidade de gênero. É evidente que precisamos fazer mais para apoiar as pessoas trans e não-binárias, não invalidar suas identidades e causar mais dano”.