Mãe de brutt veio a público se pronunciar depois de condenação da Imperial
Na última terça-feira (19), Cristiane Fernandes Queiroz Coelho, mãe de Matheus “brutt”, ex-jogador de Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO), pronunciou-se sobre a condenação em 1ª instância da Imperial e o pagamento de indenização por danos morais de R$ 400 mil à família do atleta. Em 2019, aos 19 anos, brutt estava competindo pelo time em Counter Strike: Global Offensive e morreu vítima de uma infecção do sistema nervoso central não especificada.
Em uma sentença de 80 páginas, a juíza do Trabalho Patrícia Almeida Ramos, da 69ª Vara do Trabalho de São Paulo, concluiu que a Imperial deixou de cumprir obrigações legais e contratuais sobre saúde, o que teria colaborado indiretamente para a morte do jogador. A organização terá que pagar R$ 400 mil aos pais e aos dois irmãos de brutt, além de verbas trabalhistas.
A mãe de brutt veio a público se pronunciar, afirmando que, a mesma maneira que não é possível sustentar que o jogador estaria vivo se a Imperial tivesse cumprido suas obrigações, não dá para ter certeza de que não estaria. “Meu filho, lutarei até o fim pela negligência a ti cometida. #JustiçaPeloBrutt”, disse ela no Twitter. “Eles têm que pagar por cada sonho do meu filho que não se concretizou, por cada lágrima, por nós da família, derramada. Negligenciaram o básico para meu filho e hoje ostentam investir em milhões em jogadores famosos e fizeram de tudo para apagar o fato”. Nessa fala, ela faz referência ao fato da Imperial ter contratado os jogadores do projeto “Last Dance”, astros internacionais da CS:GO, como Gabriel “FalleN”, Fernando “fer” e Lincoln “fnx”, além de Ricardo “boltz” e Vinicius “VINI”.
Conclusões da sentença
A juíza do caso afirmou que a Imperial não ofereceu local de moradia e trabalho adequado, além de contrariar a lei e o contrato assinado com o jogador ao não fornecer assistência médica ou arcar com despesas médico-hospitalares. Segundo ela, “restando claro que a empresa, ao ignorar suas obrigações, colaborou indiretamente para o ocorrido” e tornou-se, portanto, responsável legalmente pela morte de brutt. “Ao optar por não cumprir a legislação específica, tampouco os termos do contrato de trabalho mantido com o Sr. Matheus [brutt], assumiu o risco de ser responsabilizada no caso de eventual prejuízo sofrido pelo atleta, independentemente de ter dado causa a ele”, disse ela. A juíza também afirma que os parentes do jogador “sofreram as repercussões personalíssimas causadas pela negligência e conduta ilícita da organização, o que afetou o íntimo de cada um deles de forma irreversível”.
A magistrada também colocou a gaming house em evidência. “A negligência da ré [Imperial], neste particular, é manifesta, considerando não só o relato da defesa, como o teor de todas as provas produzidas nos autos [processos]. No afã de imputar culpa à família do jogador, a peça contestatória está recheada de trechos que demonstram o conhecimento da ré [Imperial] sobre o debilitado estado de saúde do Sr. Matheus [brutt], desde que ele ingressou em seu time, situação essa mantida durante todo período no qual morou na gaming house e que proporcionou algumas idas suas a hospitais públicos (…) A estrutura da residência deixava a desejar, a ponto de o atleta não se alimentar de forma saudável, bem como não conseguir dormir direito; é óbvio que, neste cenário, não poderia melhorar fisicamente, o que passou a ser visível aos olhos de todos os que mantinham contato com ele, mercê das três ou quatro idas a hospitais públicos em um curtíssimo espaço de tempo. Todo o ocorrido se desenrolou sem a participação da reclamada [Imperial], em que pese ter a obrigação legal e contratual de atuação nesse sentido. A responsabilidade da reclamada [Imperial], inclusive pelo que se sucedeu, é inquestionável”.
Veja a íntegra da nota da defesa da Imperial:
A defesa técnica da empresa Imperial declara que, com o devido respeito, a sentença proferida encontra-se equivocada e a empresa irá dela recorrer para o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, visando sua reforma e restabelecimento da justiça.
O jogador Matheus Queiroz Coelho prestou serviços por cerca de 40 dias apenas e não seria até razoável que a empresa houvesse sido a causadora de sua doença e morte.
A empresa cumpriu suas obrigações, proporcionou-lhe totais condições de realizar seu jogo, lamentando profundamente o falecimento. Prestou-lhe toda assistência, inclusive à sua família.
No mais, a narrativa dos demais fatos e argumentos constarão do recurso que será regularmente apresentado no processo judicial.
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