Minecraft é um nome familiar mesmo para quem não curte o jogo e até para muitas pessoas que nem jogam videogame. Trata-se do jogo de videogame mais vendido de todos os tempos! Mas, como toda jornada tem um primeiro passo, muita gente, diante de toda essa popularidade do game, se pergunta: afinal, quem criou o Minecraft?
A resposta a essa pergunta se torna mais notável considerando-se que a época em que eram comuns pequenas equipes, ou mesmo um único desenvolvedor, trabalhando no projeto de um game se findou nas três primeiras gerações de consoles.
A partir de então os projetos de jogos de grande sucesso envolviam equipes cada vez mais numerosas, chegando a ocupar estúdios inteiros.
Atualmente apenas jogos independentes costumam contar com equipes pequenas ou um desenvolvedor único, e, em geral, eles não alcançam nem de perto a popularidade dos jogos produzidos por grandes estúdios da indústria dos videogames.
Nesse sentido, Minecraft é uma gigantesca exceção, pois, a princípio, ele foi um game independente desenvolvido por uma única pessoa! O jogo de videogame que mais vendeu na história começou como um projeto de baixíssimo orçamento tocado por um único desenvolvedor!
Mas afinal, quem é esse cara?
Quem criou o Minecraft?
O nome por trás do início de tudo no Minecraft é Markus Alexej Persson, mais conhecido pela alcunha “Notch”.
Markus Persson, ou Notch, nasceu na Suécia em 1 de junho de 1979. E desde a infância mostrou interesse por videogames; um tanto pela influência do seu pai: um cara que construiu sozinho o próprio modem e ensinou o filho a utilizar o seu computador Commodore 128.
Essa máquina era um dos computadores caseiros que ficaram populares na década de 80 após a crise norte americana dos consoles em 1983, que fez com que esses computadores se tornassem, por alguns anos, a principal forma de se jogar videogame em casa nos Estados Unidos e ganhassem popularidade notória na Europa, onde o jovem “Notch” vivia.
Foi no Commodore 128 que Notch jogou o primeiro game que comprou por escolha própria: The Bard’s Tale, um RPG de fantasia que viria a influenciar o primeiro jogo que desenvolveu aos 8 anos de idade (sim, aos 8 anos!).
Notch usava no Commodore 128 vários programas de escrita de códigos de programação que pegava em revistas de informática da época. E, com a influência de The Bard’s Tale, criou aos 8 anos um jogo de ficção interativa baseado em texto.
Na adolescência “Notch” continuou se dedicando aos jogos e à programação, conseguindo inclusive fazer a engenharia reversa do game Doom.
Com toda essa dedicação a essas atividades não surpreende que, aos 15 anos, ele tenha decidido se tornar um desenvolvedor de jogos. Mas seus professores, percebendo os interesses do garoto, lhe indicaram o caminho do design gráfico, área que ele estudou dos 15 aos 18 anos, sem contudo nunca ter chegado a terminar o que no seu país é equivalente ao que, no Brasil, chama-se de ensino médio, apesar de ser visto como um bom aluno.
A partir de então Notch passou a tentar concretizar sua ideia de se tornar um desenvolvedor de jogos. A princípio ele trabalhou como web designer até conseguir trabalhar mais diretamente com games.
Logo Notch conheceria um colega chamado Rolf Jansson, ambos se tornaram amigos e desenvolveram, no seu tempo livre, um jogo que foi programado em JAVA e publicado em 2006; era o MMORPG Wurm Online, lançado por uma empresa chamada Mojang Specifications AB.
No ano seguinte ao lançamento desse jogo Notch se afastaria do projeto e da empresa, fazendo um acordo com Jansson para que pudesse continuar usando o nome Mojang, alterando o nome da empresa do amigo para Onetofree AB .
Egresso desse projeto, Markus Persson continuou trabalhando com desenvolvimento de games em algumas empresas, sobretudo jogos em flash para navegadores. Mas sem nunca deixar de tentar desenvolver jogos sozinho no seu tempo livre.
Foi nessa época que, ainda que não completamente consciente disso, ele começou a produzir o que seria o jogo mais vendido da história.
Notch e o desenvolvimento de Minecraft
Entre os projetos que Notch buscava desenvolver no seu tempo livre estava o projeto de um jogo chamado RubyDung, era um game de construção de bases inspirado em Dwarf Fortress e RollerCoaster Tycoon, o jogo seria em 3D a partir duma perspectiva isométrica (aquele ponto de vista que temos em jogos como Age of Empires II).
Mas, influenciado pelo game Dungeon Keeper, Notch tentou uma perspectiva em primeira pessoa no seu projeto de RubyDung, o resultado foi uma visão pesadamente pixelizada que desagradou Notch e fez ele abandonar, ainda que temporariamente, a ideia.
Porém uma outra e decisiva influência viria de um game que talvez possa ser visto como um precursor de Minecraft: Infiniminer, um jogo multiplayer de código aberto em que os jogadores mineram túneis feitos de blocos em busca de materiais.
Infiniminer deu a Notch uma nova direção para o que ele vinha fazendo em RubyDung, ele abandonou o projeto e passou a se concentrar naquela visão pixelizada em primeira pessoa que antes ele rejeitara; a partir dela ele seguiu desenvolvendo, em Java, um jogo baseado em blocos e mineração, mas incluindo alguns elementos de RPG.
Era o que viria a se tornar Minecraft. A partir daí Notch seguiu trabalhando em diversas versões de Minecraft e divulgando seu trabalho em fóruns na internet. O retorno que ele recebia dos usuários desses fóruns foi fundamental para o desenvolvimento do jogo que, envolvendo pouquíssimo orçamento, continuou a ser feito durante o tempo livre de Notch.
À medida que o projeto crescia ele tomava cada vez mais tempo de Notch, e o desenvolvedor acabou por se dedicar integralmente ao projeto de Minecraft, que até então era apenas um jogo que ele estava desenvolvendo sozinho sem outro orçamento que não sua própria renda. Ele chegou a negar uma oferta de emprego na Valve, uma grande desenvolvedora de jogos que é dona de nada menos que a plataforma Steam!
As sucessivas versões de Minecraft foram sendo polidas até que em 2009 foi lançada uma primeira versão chamada de “clássica” do jogo, essa versão obteve sucesso e bom retorno dos usuários de fóruns.
A partir desse ponto Notch criou uma empresa, a Mojang (mesmo nome que ele pretendia usar numa empresa desde que tinha produzido Wurm Online), e envolveu mais pessoas no processo, notoriamente o designer e diretor criativo Jens “Jeb_” Bergensten, que trabalhou junto com Notch na versão 1.0 do jogo que saiu em 2011.
A partir daí a popularidade e as vendas do jogo continuaram crescendo exponencialmente até que Minecraft se tornasse o que é hoje,
Mas o criador original de Minecraft viria a se afastar do game…
Quem criou o Minecraft acabou por se distanciar do jogo
Em 2014 Markus “Notch” Persson, demonstrava exaustão com a pressão do público, a atenção intensa da mídia e a responsabilidade de tocar uma companhia e um jogo do tamanho que a Mojang e Minecraft estavam alcançando.
Logo ele expressaria seu desejo de vender a sua participação majoritária na empresa, e quem acabou por comprá-la foi ninguém menos que a gigante Microsoft pela quantia de 2 bilhões e meio de dólares, tornando Notch um bilionário.
Especula-se que a transação tenha sido também uma maneira da Microsoft se esquivar de alguns impostos ao converter parte da sua renda líquida em outros ativos.
Seja como for, desde que deixou a Mojang, Notch tem se afastado cada vez mais de Minecraft; em vários momentos ele criticou os rumos que o jogo vinha tomando e chegou a declarar que Minecraft seria um “jogo morto” em 2021.
Além disso, a própria Microsoft vem paulatinamente afastando Notch do jogo devido a manifestações públicas impopulares do desenvolvedor sobre temas polêmicos; a empresa alega que ela própria e o jogo expressam valores diferentes e por isso não querem vincular a sua imagem à de Notch. Contudo a Microsoft mantém o nome do criador original do jogo nos seus créditos finais.
Longe de Minecraft e vivendo como um bilionário, Notch tem se dedicado a diversos projetos menores, incluindo maratonas de programação e jogos em realidade virtual. Além de se envolver ao longo dos últimos anos em contínuas polêmicas nas redes sociais devido às suas manifestações de opiniões no mínimo controversas.
Mas, independente do que quer que tenha ele feito, ou expressado, nos anos subsequentes ao momento em que deixou a Mojang, Minecraft que segue como o jogo mais vendido da história, e será sempre parte do legado de Markus Alexej Persson (ou simplesmente “Notch”) para os games.
Afinal as opiniões e o caráter de um autor (independente de quem concorde com elas ou não) não diminuem, nem aumentam, a sua obra, Minecraft continua sendo um jogo com diversas oportunidades criativas para seus jogadores e, apesar de ter evoluído muito em relação às suas versões iniciais, mantém o cerne do que foi produzido por Notch enquanto ele trabalhava sozinho num projeto independente!
Para saber mais sobre Minecraft leia outros bons artigos sobre o jogo aqui no Clube do Videogame.