Videogames não causam violência, diz a ciência

Videogames não causam violência, diz a ciência

A velha discussão foi reacendida recentemente pelo Senado brasileiro querendo debater sobre a proibição de jogos violentos sob o argumento de que eles podem estimular a violência dos mais jovens através do poder da influência.

Pauta desde os anos 90 ao redor do mundo, diversos estudos foram realizados ao longo dos anos para entenderem se há uma correlação entre videogames e pessoas violentas e a resposta é “não”. Videogames não causam violência.

Estudos ao redor do mundo

Videogames não causam violência, diz a ciência

Um estudo publicado em 2013 pelo British Medical Journal, avaliou diferentes tipos de estímulos em 11.000 crianças ao longo de 10 anos, concluiu que os videogames “não exercem nenhum efeito negativo nas características individuais da criança, como comportamento e atenção, nem ajuda a desenvolver doenças emocionais. A mesma conclusão vale para meninos e meninas”.

Não foram detectadas oscilações de humor, dificuldade de interação social, e nenhuma relação desse meio com ações violentas.

Mais recentemente (em 2019), a Universidade de Oxford, na Inglaterra, divulgou um outro estudo que afirma não ter encontrado relação entre jogos com comportamento agressivo. Segundo Andre Przybylski, diretor de pesquisa do Oxford Internet Institute:

A IDEIA DE QUE VIDEOGAMES VIOLENTOS GERAM AGRESSÃO NO MUNDO REAL É POPULAR, MAS NÃO FOI OBSERVADA AO LONGO DO TEMPO. APESAR DO INTERESSE NO ASSUNTO POR PAIS E POLÍTICOS, A PESQUISA DEMONSTROU QUE NÃO HÁ MOTIVO PARA PREOCUPAÇÃO.

Ao contrário do que dizem, os estudos levam a crer que jogos, violentos ou não, fazem bem. Um estudo realizado pela Associação Americana de Psicologia concluiu que os videogames podem melhorar o aprendizado, a saúde mental e promover benefícios sociais.

Opiniões de especialistas

Videogames não causam violência, diz a ciência

O psiquiatra brasileiro Diego Tavares, do Grupo de Estudos de Doenças Afetivas do Hospital das Clínicas de São Paulo, defende que as pessoas que gostam de jogos violentos apresentam alterações de humor anteriores. Ou seja, não é o videogame que causa a violência, mas a violência intrínseca da pessoa faz com que ele procure jogos violentos.

“Quem tem predileção por jogo violento provavelmente já apresentava previamente sintomas de alteração de humor como irritabilidade, impaciência, raiva, ódio e hostilidade. Jogos não causam alterações emocionais diretas. O comportamento emerge como estado emocional que não é unico. Quando se busca por jogos agressivos, pode observar que o jovem está agressivo com as pessoas, sejam pais, irmãos, professores”

Já a socióloga da Universidade de Southern California, Karen Sterheimer, que pesquisa o assunto desde 1999, diz que associar a violência dos jovens com os videogames é leviano, já que desconsidera diversos fatores que influenciam, de fato, no comportamento deles.

“Se desejamos compreender por que os jovens se tornam homicidas, precisamos observar mais do que os jogos que eles jogam… (ou) perderemos algumas das mais importantes peças do quebra-cabeça”

Ela constatou em sua análise cobrindo estatísticas do FBI e coberturas jornalísticas, que nos 10 anos posteriores ao lançamento de diversos jogos violentos, como Doom, Mortal Kombat e outros, o índice de prisão de menores de idade caiu 77% nos EUA.

Ainda segundo ela, culpar os videogames é tirar o foco do real problema, “inocentando” o ambiente onde ela foi criado e removendo a responsabilidade dos reais fatos que levamo a atitudes violentos.

“O problema [de jovens violentos] é complicado e merece mais que uma solução simples”

As universidades, a sociologia, a psicologia e até a psiquiatria já concluíram que os videogames não causam violência. Só falta o Senado brasileiro.

Victor Miller
Victor Miller

Jornalista, Victor Miller ganhou popularidade na internet por ser o dono do Planeta Sonic, um dos maiores canais do YouTube no Brasil sobre o mascote da SEGA. Trabalha há mais de dez anos escrevendo sobre games para diversos canais importantes do país.