Videogames são uma mídia como outra qualquer, tendo jogos eletrônicos destinados para os mais variados tipos de públicos. Dentro desse contexto, há games que abordam questões mais maduras e que refletem questões existenciais, filosóficas e psicológicas. Pensando nisso, criamos uma lista com 10 jogos que abordam saúde mental.
1 – The Cat Lady: Enfrentando a solidão sendo a “senhora dos gatos”
Este é um jogo de aventura e terror psicológico que conta a história de Susan Ashworth, uma mulher que sofre de depressão profunda e solidão, e para preencher esses “buracos emocionais” ela desenvolve uma conexão enorme com gatos de rua.
O game aborda temas pesados, incluindo a tentativa de desistir da vida e outros temas mais sombrios como traumas e tristezas em geral. Os problemas psicológicos que Susan enfrenta se transformam em demônios externos também.
Em termos de gameplay, o título é baseado em resolver enigmas e tomar decisões que afetam o desenrolar da história, chegando a diferentes finais. Além disso, o The Cat Lady também se destaca por trabalhar esses temas de modo sensível. Um game maduro, inteligente e que abordam questões muito importantes sobre nossa saúde mental.
2 – Actual Sunlight: Diálogos internos refletem nossa saúde mental

O diferencial de Actual Sunlight é que o jogador é imerso na mente do protagonista Evan, sendo introspectivo e observamos todos aqueles “diálogos internos” são mostrados ao jogador. Com isso, entendemos todos os sentimentos do personagem e criamos uma conexão emocional com o mesmo.
Em termos de gameplay, Actual Sunlight tem a interação baseando-se nas escolhas para ele lidar com frustrações, medos, inseguranças, entre outros. O objetivo não é oferecer uma solução fácil para nossos problemas, mas sim mostrar que nossas escolhas e sentimentos são difíceis de lidar.
Talvez por isso que o game seja tão amplamente elogiado pela abordagem realista quanto a questões relacionadas à saúde mental, oferecendo uma visão empática e bonita.
3 – GRIS: Vivenciando diversas fases do luto em um dos jogos que abordam saúde mental
Um dos mais famosos da lista, o Gris foi lançado em dezembro de 2018 e é um jogo bem aclamado pela sua estética, trilha sonora, e a narrativa emocionante que abordam questões de saúde mental e problemas introspectivos, como perda, dor e recuperação.
Através da viagem emocional, Gris lida com todas as fases do luto, cada uma representada por uma cor e um conjunto de desafios específicos. As fases incluem a negação, raiva, negociação, depressão e, por fim, a aceitação.
Outro título que também se destaca pela abordagem sensível e realista em como enfrentamos a dor do luto, tratando-os de maneira respeitosa e sendo uma verdadeira “aula” de como lidar com nossos sofrimentos emocionais e cuidarmos de nossa saúde mental.
4 – That Dragon, Cancer: A história real de amor e superação

Um dos mais pesados e tristes quanto a questão de saúde mental, o That Dragon , Cancer foi desenvolvido pelo casal Ryan e Amy Green em homenagem ao filho Joel, que sofria de um câncer terminal.
O objetivo é mostrar o cotidiano de uma família que lida diariamente com as dificuldades físicas e emocionais de um enfermo, indo desde o diagnóstico até sua morte. O game faz o jogador navegar pelo labirinto de emoções intensas que incluem desespero, tristeza, esperança e fé.
Impactante e muito triste, daqueles que fazem os jogadores de coração “mais gelados” chorarem “litros”, o game é mais uma espécie de “filme interativo” do que um jogo em si, já que não há desafios tradicionais como resolução de enigmas e outros. Talvez o próprio game tenha sido uma forma do casal “expurgar” a dor emocional deles.
5 – Sea of Solitude: Os monstros que representam nossa solidão
Este aborda as questões de saúde mental pela perspectiva da solidão, sendo a razão pela qual o nome do game é “Lago de Solidão”.
A história gira em torno de Kay, uma jovem mulher que se encontra em um mundo submerso e surreal, habitado por monstros. O ponto é que esses monstros representam os sentimentos negativos vivenciados pela protagonista, como traumas, medos, entre outros.
O game combina exploração com resolução de enigmas, e as águas e marés representam o estado emocional da Kay, fazendo uma analogia ao mundo holístico que aponta que nossas emoções são representadas pelas águas. Por isso que há uma metáfora de que o jogador deve ir para uma cidade inundada, resolver enigmas, e interagir com os monstros.
6 – Fran Bow

O diferencial de Fran Bow é que ele aborda as questões de saúde mental dentro do gênero de terror, e por isso, diferente dos outros games citados até então, este aqui mostra cenas mais medonhas, refletindo o medo da protagonista e como ela lida com suas inseguranças.
Tudo isso porque ela sofre de estresse pós-traumático, já que ela, aos 10 anos, testemunhou o assassinato brutal de sua mãe e de pai. Posteriormente, ela é internada em um hospital psiquiátrico, mas ela foge para encontrar seu gato de estimação, e também para saber a razão pela qual os pais foram assassinados.
Para mergulhar em um universo infantil medonho, o game mistura uma arte que lembra contos de fadas com imagens macabras, criando uma atmosfera estranha que contrastam com a inocência de Fran. Profundo e realista, ele tem uma história envolvente e merece ser jogado por todos aqueles que querem um game que aborda questões de saúde mental.
7 – Mental Hospital: Eastern Bloc
Outro game de terror psicológico que se passa em um hospital psiquiátrico, neste aqui assumimos o papel de um jornalista investigativo que recebe um chamado urgente sobre atividades estranhas em um hospital psiquiátrico que está abandonado.
Mental Hospital Eastern Bloc explora temas psicológicos como negligência e abuso das próprias instituições psiquiátricas, que em muitos casos realizam experimentos cruéis com pessoas que sofrem com seu psiquismo.
Os inimigos são manifestações dos horrores que ocorreram no hospital, e você não pode enfrentá-los, apenas fugir ou evitá-las.
8 – Alice: Madness Returns

Alice: Madness Returns aborda a “loucura” da protagonista Alice, apesar de que essa terminologia entrou em desuso para ceder lugar a “psicose”.
Se passando na era vitoriana em Londres do século XIX, a Alice precisa mergulhar em mundo distorcido para desvendar os mistérios por trás de sua mente, em uma jornada dolorosa de autodescoberta.
O game combina elementos de plataforma, enigmas e combate em terceira pessoa para representar os limites entre a realidade e a imaginação.
9 – Aether
Aether explora os problemas de saúde mental relacionados a um jovem garoto que enfrenta problemas em sua vida cotidiana. Como a realidade dele é muito “dura”, ele acaba viajando para o “mundo dos sonhos”, onde ele encontra criaturas amigáveis e empáticas que o ajudam a lidar com suas frustrações.
O interessante é que Aether aborda a solidão do protagonista, mostrando que às vezes uma pequena atitude pode mudar completamente o dia de uma pessoa que vive na solidão. Ele mostra a importância de enfrentarmos nossos problemas e buscar apoio naqueles que amamos e que também nos ama. Mais bonito do que dizer “eu fiz tudo sozinho”, é dizer “Sempre tive com quem contar”.
Em termos de jogabilidade, ele é mais um game de exploração e resolução de enigmas, e cada reino apresenta desafios únicos que representam também as dores emocionais do protagonista.
10 – Neverending Nightmares

Além de depressão, o Neverending Nightmares (Pesadelos que Nunca acabam, em nosso idioma) trata de Transtorno Obsessivo Compulsivo, ou TOC, se inspirando nos próprios problemas emocionais do desenvolvedor Matt Gilgenbach.
Já o game em si conta a história de Thomas Smith, um jovem que tem pesadelos todos os dias, e sua irmã mais nova, Gabby, sempre aparece neles, trocando ocasionalmente de papéis. Nesses pesadelos, o Thomas volta e meia morre, às vezes ele mesmo tirando sua própria vida.
Pesado tanto pela história quanto pela atmosfera, o game é medonho e perturbador, merecendo um espaço nessa lista de games que abordam saúde mental.