Recentemente, falamos aqui no Clube do Videogame sobre Carol Shaw, a primeira mulher da história a desenvolver um game. Ela venceu as barreiras da época para ir atrás do que realmente queria, fazendo história ao criar o jogo River Raid, um dos maiores clássicos do Atari 2600. Ela, entretanto, não foi a única pioneira a enfrentar o machismo e se enveredar por essa área considerada tão masculina. Hoje, vamos apresentar a história de Dona Bailey, outra veterana dos jogos eletrônicos, que, assim como Carol Shaw, também foi responsável por abrir caminho para outras mulheres no cenário.
Nascimento e formação
Dona Bailey nasceu em 1955, em Little Rock, no Arkansas. Ela se formou cedo na escola e logo, entrou na universidade para se formar em Psicologia, mas também cursou Inglês, Matemática e Biologia como cursos secundários e ainda conquistou um diploma de mestrado em Matemática.
Seu primeiro contato com vídeogames
A carreira de Dona Bailey começou na General Motors, onde trabalhava como programadora, mas ela ainda não tinha contato com videogames. Foi só em 1980 que uma amiga a levou para um fliperama para jogar Space Invaders.
Caso você não conheça, explico: Space Invaders é um jogo de videogame de arcade lançado lá em 1978 e que fez um sucesso estrondoso. No jogo, o objetivo do jogador é controlar os movimentos de um canhão laser, atirando contra aliens organizados em linhas para não deixar que eles cheguem na parte inferior da tela.
Dona Bailey se encantou por aquilo e decidiu abandonar sua carreira em uma companhia automotiva para se tornar programadora de jogos, sendo logo admitida na Atari, ainda em 1980.
Carreira na Atari e criação de Centipede
Ela era uma das poucas mulheres que tinha experiência com linguaguem assembly – uma notação legível por humanos para o código de máquina que uma arquitetura de computador específica usa -, o que a tornava altamente qualificada para o trabalho, mesmo não tendo nenhuma experiência no desenvolvimento de games.
Embora Carol Shaw, antes de ir para a Activision, tivesse passado pela Atari, quando Dona Bailey chegou, ela ainda era a única programadora mulher na divisão de arcade – e ainda era a única mulher na área quando saiu dois anos depois.
Em entrevista ao Game Developer, quando questionada se ficava intimidada com a grande quantidade de homens, Bailey respondeu: “Foi realmente uma experiência interessante. Foi minha primeira exposição a esse tipo de situação. Quando você é a única pessoa de um certo tipo, você meio que perde sua identidade. É realmente estranho; não é que eu tenha esquecido que eu era mulher, mas eu iria por trechos onde eu meio que esqueceria! Teve alguns pontos bons, e foi meio difícil, no entanto”.
De qualquer forma, Dona não se deixou abalar e desenvolveu Centipede, um game para fliperama, tornando-se assim, a primeira profissional mulher a criar um jogo para arcade.
Centipede foi um dos jogos de arcades mais populares e amados, mas você sabia que Dona o criou apenas duas semanas depois de ser contratada pela Atari? Pois é. Tudo aconteceu quando o gerente de engenheiros de software foi até a mesa de Dona Bailey e disse: “Acho que você precisa procurar uma ideia no caderno de desenvolvimento de jogos – o caderno de brainstorming”. Esse caderno era nada mais que um fichário que continha ideias de jogos gerados durante os fins de semana de brainstorming da Atari.
Em um mar de jogos que falavam de usar laser, o único que chamou sua atenção foi um com título “Centipede” em cuja descrição se lia: “um inseto multisegmentado rasteja para a tela e é baleado pelo jogador”. Parecia óbvio para ela que o jogador estaria na parte inferior da tela e atiraria para cima, onde o inseto estaria.
As semelhanças com Galaga não foram ao acaso. É que Galaga era o jogo favorito de Bailey na época e ela pensou em Centipede como uma homenagem.
Saída da indústria de videogames
Dona Bailey saiu da Atari em 1982 e foi trabalhar na Videa, empresa de videogames fundada por três ex-funcionários da Atari, com quem ela havia trabalhado.
Em 1984, Bailey deixou a indústria de videogames.