Como sabemos, não há, até hoje, nenhum filme baseado em Grand Theft Auto, franquia principal da Rockstar Games. Porém, a possibilidade já existiu e o rapper Eminem poderia ter participado da produção. Entretanto, os irmãos Houser, chefes do estúdio na época, recusaram a proposta.
A informação foi dada por Kirk Ewing, co-fundador da aplicação Veemee e criador e chefe de State of Emergency – um beat-tem-all publicado pela Rockstar Games -, através de um podcast da BBC para o programa Grandest Game. De acordo com ele, um dia, quando Kirk e Sam Houser estavam em um hotel, decidiram que iriam fazer da franquia GTA um filme. Nessa época, GTA 3 havia acabado de ser lançado.
Mais tarde, naquela mesma noite, Kirk Ewing teria recebido um telefonema às 4 horas da manhã. Era um produtor fazendo a proposta de um filme de GTA com o rapper Eminem no papel principal e Tony Scott na realização. O orçamento? 5 milhões de dólares!
Sam, no entanto, respondeu que não estava interessado.
Confira a fala de Kirk Ewing na íntegra:
“Por causa do relacionamento que tive com Rockstar e eu tive com Sam (Houser), eu o encontrei em seu quarto de hotel uma noite onde eu sabia que ele ficaria um pouco, e nós dois ficamos acordados até tarde e conversamos sobre a possibilidade de fazer um filme. Foi logo após o lançamento de Grand Theft Auto 3. E acho que naquele momento, ainda estava na mente de Sam que poderia ser algo que ele queria fazer. Lembro-me de receber uma ligação por volta das 4 da manhã de um dos produtores em Los Angeles com uma oferta para fazer um filme, e ele disse: ´Kirk, temos Eminem para fazer o papel principal, e esse é um filme dirigido por Tony Scott, orçamento de cinco milhões de dólares, você está interessado?´ E eu liguei para Sam e disse: ‘Olha, você tem que ouvir isso. Eles querem Eminem no filme Grand Theft Auto e para Tony Scott dirigir. E ele disse, ‘Não estou interessado'. Eles desistiram de qualquer conversa sobre fazer um filme, quando perceberam que a franquia de mídia que tinham era maior do que qualquer filme em andamento na época”.
De todo modo, a Rockstar não parece ter planos de fazer um filme da franquia GTA mesmo atualmente. Estão mais focados nos games mesmo, especialmente no último lançamento, GTA 5.
Games e cinema
Cinema e games estão intrinsecamente ligados. As linguagens de ambas as mídias sempre caminharam lado a lado, e a tendência é que esses laços fiquem cada vez mais fortes.
Segundo o artigo “Tempos pós-modernos: a relação entre o cinema e os games”, de Dulce Márcia Cruz, a relação de estética e de linguagem entre os games e o cinema vem se estreitando por causa do desenvolvimento tecnológico, e a convergência entre esses dois setores se torna inevitável, até porque ambos são muito parecidos, já que, graças a evolução da tecnologia, a história dos games tem se desenvolvido para uma narrativa complexa e semelhante a representações dos filmes. Você pode perceber como os jogos mais modernos têm uma narrativa completa e cheia de detalhes.
É evidente que o cinema serve como uma base para que os videogames se firmem como uma linguagem audiovisual, especialmente na questão narrativa. Agora, os jogos são como “filmes interativos”.
Muitos jogos também apresentam a Jornada do Herói, um dos principais recursos para estrutura narrativa no cinema. Se você não sabe o que é, eu explico: foi um conceito criado pelo mitólogo Joseph Campbell em que ele apresenta o passo a passo da transformação do homem comum em herói, com todas as provações que surgem no meio do caminho. Os filmes usam isso a rodo e esse é também o ponto de partida para a maioria dos games – ainda que eles não tenham estéticas cinematográficas.
Segundo Dulce Cruz, os elementos narrativos do cinema estão presentes nos videogames através de um “estilo imitativo” que fica ainda mais evidente nas cutscenes – onde a história do game aparece como um filme que o jogador assiste. Esse “estilo imitativo” inclui também a apropriação de elementos da linguagem cinematográfica como por exemplo som, câmera, imagem, movimento, enredo, montagem, personagens, cenários, etc.
Por sua vez, o estudo afirma que os filmes se aproximam dos games ao utilizar imagens digitais e “sequências de ação que estendem as fronteiras marcadas por técnicas convencionais que empregam todo tipo de efeito especial digital”.
É verdade que a indústria dos games e dos filmes estão competindo em um mercado bilionário, mas, no geral, eles coexistem de forma “pacífica” e frequentemente estão se ajudando e promovendo uns aos outros ou até, adaptando história e personagens das telonas para os jogos e vice-versa.
Nesse texto, você pode conferir um pouco sobre filmes baseados em jogos.