Resident Evil: o que falta para ter uma boa adaptação?

Resident Evil: o que falta para ter uma boa adaptação?

 

Resident Evil é, sem dúvidas, uma das maiores franquias de todos os tempos. Os jogos de survival horror lançados pela CAPCOM em meados dos anos 90 fizeram sucesso entre o público da época e praticamente revolucionaram um gênero que até então, ainda estava em formação. Até os dias de hoje, a série é um dos principais carros chefe da desenvolvedora, lançando novos títulos que ganham destaque até os dias de hoje.

Após diversos jogos da saga lançada ao longo dos anos, o último jogo que chegou ao mercado foi Resident Evil 4 Remake, que refaz o sucesso original de 2004, mas com a tecnologia que apenas os consoles das últimas gerações podem proporcionar. Trazendo a qualidade do material que fez sucesso no começo do século de volta, mas com atualizações para tornar o projeto ainda melhor, o título ganhou uma nota 93 no Metacritic entre as avaliações da crítica especializada, além de nota 8,0 entre as avaliações do público, além de ter concorrido o melhor jogo do ano no The Game Awards.

Com tanto sucesso no mundo dos jogos, não apenas pensando na qualidade dos títulos lançados ao longo dos anos, mas também no resultado financeiro que cada um dos jogos de Resident Evil gerou para CAPCOM, seria discutido que uma discussão de adaptações para outras mídias começasse a Surgir e um próprio filme em live action chega aos cinemas, como aconteceu em 2002, poucos anos após o primeiro jogo da saga ser lançado.

Ainda que os jogos de Resident Evil sejam verdadeiros sucessos desde que foram lançados na década de 90, não é possível dizer o mesmo com tanta certeza sobre os filmes baseados na franquia lançada ao longo das últimas décadas. Ainda que muitas vezes, enquanto as metragens da série deram um resultado financeiro esmagador para os estúdios, nem sempre os fãs ficaram felizes depois de sair da sala de cinemas, acusando os trabalhos de serem um honestos ao material original e não fazerem apenas a todo conteúdo que uma saga de survival horror poderia entregar nos cinemas.

Para entender os motivos que levaram a franquia Resident Evil a não agradar tanto os fãs e não fazer o mesmo sucesso que faz no mundo dos games, no cinema e principalmente, para entender o que é necessário para que um novo filme da saga no futuro agrade a todos os públicos, separamos uma lista dos principais problemas dos filmes atuais e do que não pode faltar no futuro.

 

Quem fez os live actions de Resident Evil até agora?

Primeiramente, é importante entender quais são os principais nomes por trás dos filmes de Resident Evil lançados até então. A primeira saga que teve espaço nos cinemas, protagonizada por Milla Jovovich, uma das maiores atrizes de filmes de ação dos anos 90 e do começo dos anos 2000 que interpreta Alice, uma personagem criada especialmente para os live actions. Além dela, o nome principal por trás de todas as produções é Paul WS Anderson, que fez a maioria das longas metragens e teve participação direta no roteiro de todos.

 

Residente Mal Alice

Paul WS Anderson consolidou seu nome no mercado justamente por conta de Resident Evil, mas o diretor já teve um trabalho que chamou a atenção de boa parte do público gamer antes, já que ele é o responsável pela adaptação de Mortal Kombat , lançada em 1995. Vale lembrar que o filme baseado em um dos jogos de luta mais famosos de todos os tempos teve uma boa recepção por parte do público e da própria fanbase do jogo, o que foi um fator essencial para que o cineasta se tornasse o nome a frente da produção dos filmes da maior franquia de terror do mundo dos jogos.

Além de ter sido diretor de Mortal Kombat, Paul WS Anderson também é conhecido por seu estilo de direção autoral. Ainda que boa parte da crítica especializada não seja fã do seu trabalho, é óbvio, principalmente nos filmes de Resident Evil, o estilo próprio que o cineasta coloca em seus longos, seja de forma que agrade os fãs, ou os deixe ainda mais irritados.

 

O que faz os filmes de Resident Evil “ruins”? 

Ação ao vivo de Resident Evil

O principal ponto que a maior parte dos fãs de Resident Evil reclama quando se trata dos filmes produzidos ao longo dos últimos anos, é sobre a falta de fidelidade que os trabalhos apresentam. Vale mencionar novamente que o protagonista da história contada por Paul WS Anderson, interpretado por Milla, foi criado exclusivamente para os longos. Alice nunca apareceu em nenhum dos jogos da franquia, seja até o lançamento do longa, ou em títulos que vieram depois. Por si só, esse foi um dos principais motivos que fizeram com que boa parte da fanbase não visse os filmes com bons olhos.

Ainda assim, principalmente o primeiro longa de Resident Evil não foi tão mal recebido pelo público. Ainda que o filme tenha tido uma média de aprovação dos críticos de 37% no Rotten Tomatoes, considerado extremamente baixo, os fãs em si não tiveram uma percepção tão ruim sobre o projeto, principalmente porque alguns elementos da saga, como a Umbrella, estavam presentes na trama. Alguns detalhes do longa até mesmo acabaram parando nos jogos, como a cena clássica em que os personagens são retalhados por lasers, operando de inspiração para cena clássica de Leon atravessando o corredor cheio de luzes mortais no RE4 original.

No entanto, as coisas começaram a desandar de vez já no segundo filme.

 

Outros projetos que deram errado

Resident Evil Welcome to Racoon City

Os filmes de Paul W. S. Anderson não foram os únicos projetos live action de Resident Evil que deram errado, embora sejam os que foram mais lembrados tanto pelos fãs, quanto pelo público. Em 2021, foi lançado Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City, que tentou adaptar novamente a história dos games para o cinema. Sob o comando de Johannes Roberts, que dirigiu e escreveu o roteiro do filme, o projeto tentou inserir os personagens do material original logo de cara, como Claire Redfield e Leon Kennedy. Ainda assim, os resultados não foram tão bons, como o longa tendo um orçamento visivelmente baixo e nem sempre acertando no tom da história. 

Além disso, a Netflix lançou uma série própria de Resident Evil em 2022. Com um orçamento um pouco maior e a promessa de um material que fizesse jus aos games, a série desagradou ainda mais do que os filmes, já que nem mesmo inseriu personagens dos games além de Albert Wesker. Como boa parte do foco em adolescentes no início da trama e um salto temporal que não faz tanto sentido, o projeto não agradou a crítica, o público ou até mesmo os fãs de mente mais aberta da franquia.

 

Fidelidade é a solução?

A sinceridade da maioria dos fãs sobre o modo como as adaptações de Paul WS Anderson lida com o material original é sobre a fidelidade, ou melhor, a falta de fidelidade dos filmes. Ainda que boa parte dos personagens apresentados na trama dos jogos seja muito longa, na maior parte dos casos eles não fazem apenas as versões dos jogos e principalmente, servem mais como coadjuvantes de luxo para uma protagonista criada apenas para os cinemas, e não para contar suas próprias histórias.

Ainda assim, é importante pensar sobre o quanto a fidelidade dos filmes pode afetar dependendo de um longo comprimento que se proponha a adaptar o material original. É necessário lembrar, por exemplo, que o cinema se trata de uma mídia completamente diferente dos videogames e, portanto, precisa passar por mudanças para que cada uma das produções faça sentido em seu determinado material. Desta forma, é impossível que uma adaptação de Resident Evil ou qualquer outro jogo menos cinematográfico, seja 100% fiel aos títulos lançados ao longo dos anos.

Resident Evil FIlme

Por isso, é difícil dizer que um filme mais fiel de Resident Evil seria necessariamente um filme melhor, embora boa parte da fanbase dos jogos pudesse se sentir melhor ao ver o material jogado ao longo dos anos sendo representado da maneira que a maioria imagina em uma mídia completamente diferente. Ainda assim, seria importante entender qual o volume necessário para o projeto, principalmente levando em consideração que a franquia no mundo dos jogos também já teve diversas diferenças de um título para o outro.

Levando em consideração, por exemplo, a mudança que Resident Evil 5 e 6 sofreu em comparação ao restante da saga, tendo muito mais elementos de ação do que de horror propriamente dito aqui, é possível que o principal problema das adaptações do game não sejam necessariamente a fidelidade, principalmente se for levado em consideração a quantidade de obras que não são tão fieis a seu material original e fazem sucesso, mas sim a tomada de decisão que fazem com que os filmes se tornem bagunçados e principalmente não saibam o quanto querem ser levados a sério.