Diretores do COI não confirmaram nem negaram que esports possam ser reconhecidos como esportes
Hoje (1), o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou a realização do Olympic Esports Series 2023, primeiro evento olímpico de esportes eletrônicos, dando mais um passo na aproximação entre esports e esportes tradicionais. Entretanto, a comparação ainda gera polêmicas.
Lembrando que, no mês de janeiro, a ministra do Esporte, Ana Moser, fomentou debates nas redes sociais após afirmar que esports não poderiam ser considerados esportes. Personalidades da comunidade de games criticaram a fala dela. Além disso, inúmeros especialistas foram consultados.
Em entrevista ao Globo Esporte, os diretores do COI não confirmaram nem negaram que esports possam ser reconhecidos como esportes. Quando questionados sobre assunto, o diretor de esports, Kit McConnel, e o head de esportes virtuais e games, Vincent Pereira, preferiram não se manifestar. No entanto, exaltaram competições daqueles games que reproduzem esportes tradicionais ou atividades físicas.
“Não vamos discutir a definição sobre esports ou esportes ou qualquer coisa assim. Existem dois cenários, o de esportes e o de esports. Os dois podem viver juntos. Não precisamos que a definição possa ser a mesma ou incluir um no outro. O ecossistema de esportes tem o seu próprio processo, assim como o ecossistema de esports. Eles podem ter algumas pontes, e nós podemos encontrar maneiras de integrá-los. Mas a definição não é uma questão aqui. Nós estamos apenas tentando criar uma plataforma olímpica para os esports. Não se trata de colocá-los em posição de criar alguma convergência”, disse Vincent.
Kit, todavia, traçou uma aproximação entre os dois cenários, afirmando que o elemento competitivo está presente nos esports, ressaltando que os games têm praticas que se aproximam a dos atletas de esportes tradicionais.
“Eu acho que algumas das coisas que estamos celebrando refletem os esportes. O lado competitivo. O game competitivo é o que são os esportes para nós, em uma essência ampla, e a competição está claramente ali”, disse o diretor. “Nós também reconhecemos que, independente do jogo, os jogadores que estão competindo no nível de elite replicam, muito de perto, as mesmas necessidades e práticas de atletas tradicionais. Saúde física e saúde mental, todas essas áreas, são onde nós, como COI, acreditamos que também podemos agregar algum valor ao sistema de esports, com todos os elementos focados em atletas que temos no COI, apoiando os atletas olímpicos. Esse valor agrega muito para os dois lados, mas, como disse o Vincent, não cabe a nós entrarmos no debate para definição, e sim celebrar que há grandes atletas e grandes jogadores igualmente em todas essas formas virtuais de esporte envolvidas em ambiente olímpico”.
O que são “formas virtuais de esporte”?
O COI convenciou “formas virtuais de esporte” como o esport que pode ser olímpico. São classificados assim os simuladores de esportes e/ou atividades físicas, como Just Dance (dança) ou Gran Turismo (automobilismo).
“Neste momento, o programa olímpico é sobre simulação física de esportes tradicionais. Temos sido muito claros sobre isso, é informação pública. Temos sido absolutamente transparentes. Mas, novamente, por que desenvolvemos o Olympic Esports Series? É uma marca olímpica, uma plataforma olímpica, e reconheceremos o vencedor de uma competição de esports. Isso dá oportunidades muito mais amplas. Em vez de dizer que é uma oportunidade estreita para o programa olímpico e todo o resto é colocado de lado, esta é uma propriedade olímpica totalmente independente que permite que esses esports e os jogadores compitam em um ambiente olímpico”, disse Kit.